Dados descontextualizados são apenas números e muitas empresas do setor de transporte estão cheias de números e gerando poucos insights.
Demming já dizia que “O que não é medido, não é gerenciado”, entretanto medir apenas não é suficiente. De nada adiantar realizar a medição de um dado se ele não for apresentado de maneira coerente, contextualizado e com significado real, de modo que ajude efetivamente o gestor a ter uma noção clara do nível de performance da sua frota, quais são os seus problemas, por que eles estão acontecendo e o que ele pode fazer para resolvê-los.
Atualmente, uma frota produz um volume gigantesco de dados todos os dias e uma das razões pelas quais o gestor não consegue obter valor deles é que no volume de dados é tão grande que ele fica perdido. De acordo com a consultoria McKinsey, um veículo gera cerca de 25 Gb de informações por hora, que podem ser captados por sistemas de telemetria veicular.
Hoje em dia, todos os tipos de dados podem ser obtidos de um veículo, desde a informação mais simples de quilometragem percorrida até informações mais complexas como temperatura do motor, passando por RPM, acelerações, curvas, frenagens bruscas, direção na banguela e muito mais.
Uma empresa de transporte geralmente também possui uma grande diversidade de sistemas de gestão, de cartões de combustível a sistemas de rastreamento e telemetria veicular, de TMS a ERP. Assim, há um volume grande de dados disponível e mais ter mais dados nem sempre é o ideal ou o necessário.
O ponto principal de tudo é conseguir converter os dados que você tem disponível em informações acionáveis que possam resultar em benefícios para o seu negócio. Naturalmente, nem tudo o que é medido por sistemas de gestão de frotas é importante e em alguns casos, pior, nem tudo o que é importante está sendo medido.
Adrian Gonzalez, presidente e fundador da Adelante SCM em evento realizado pela Trimble, informou que existem 5 formas principais pelas quais frotistas podem fazer uso de dados.
- Estratégia: frotistas podem usar dados para prever demanda, necessidade de capacidade de transporte e alinhar a sua capacidade operacional com as demandas de serviço.
- Gestão de Performance: gestores de frotas podem usar os dados para fazer uma análise de performance de motoristas e ativos, entender quais são os seus principais problemas, a sua causa raíz e a partir disso elaborar planos de ação.
- Rede Logística: com a crescente expectativa dos clientes por entregas mais rápidas e o desenvolvimento do ecommerces as empresas precisam desenvolver a sua rede de distribuição, entender a melhor forma de onde armazenar os produtos, de onde e para onde ele vai, identificar tendências e a partir disso ter uma rede logística mais eficiente.
- Benchmarking: dados permitem com o que gestores de frota tenham parâmetros mais fáceis de comparação. Você pode criar comparações com outros players do mercado e até mesmo criar padrões de comparação com outras unidades da sua empresa ou entre pessoas da própria empresa. Isso ajudará você a entender se você está indo bem ou mal.
- Experiência do cliente: Promover uma boa experiência para o cliente é um dos principais objetivos de qualquer empresa de serviços hoje e com o serviço de transporte não é diferente. Dados sobre a frota permitem ao gestor entender o tempo para uma entrega, prever que horas ela chegará ao cliente final e prevenir problemas que possam causar atrasos no serviço.
É importante, claro, que para o dado tenha valor e possa ser usado corretamente, que as empresas empreguem uma pessoa capacitada para coletar dados de qualidade e analisa-los, tendo sempre em mente quais são as metas e objetivos da empresa.
Outro ponto importante é que as empresas precisam ter as ferramentas adequadas de análise dados. Muitas empresas ainda fazem uso de planilhas excel e processos de gestão manuais, entretanto ferramentas de Machine Learning e Business Intelligence já estão disponíveis.
De acordo com pesquisa realizada pela Indago, “Leveraging Data in Transportation & Logistics” a principal causa para inibir o uso de dados são o fato de que os dados estão dispersos entre diversos sistemas, a qualidade dos dados é ruim, falta de ferramentas e tecnologia para analisar o dado e falta de alinhamento entre os dados e metas da empresa.
Uma das empresas entrevistadas no estudo disse que “Nós fazemos vários relatórios com dados, mas pouca análise e entendimento do dado. Por exemplo, temos tabelas, gráficos sem indicação de objetivo, meta ou referência, então, apesar da tendência estar óbvia, não é tão fácil entender se os resultados são bons ou ruins. ”
De acordo com Adrian Gonzalez, hoje a frota já possui mais dados do que o ser humano consegue analisar e os algoritmos conseguem avaliá-los rapidamente, percebendo tendências, automatizando processos e indicando ajustes necessários. As empresas devem buscar por profissionais capacitados e ferramentas adequadas para poder fazer o uso devido dos seus dados.